sexta-feira, 21 de agosto de 2015

PROJETO DE LINHAS PARA ZONA SUL DO RJ É FORA DA REALIDADE E PODE GERAR 'APARTHEID' SOCIAL

A LINHA 177 É UMA DAS QUE SERÃO EXTINTAS.

Uma das mais perversas alterações do sistema de ônibus do Rio de Janeiro terá seus piores momentos a partir de outubro, quando a temida ligação Zona Norte-Zona Sul por ônibus será extinta num pacote de reformulação de linhas feito pelo subsecretário de Planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão.

Completamente alheio à realidade dos passageiros de ônibus, Alexandre Sansão, como seu inspirador Jaime Lerner (político e arquiteto paranaense ligado à ditadura militar), pensa a mobilidade urbana através de fórmulas matemáticas e aplicativos de Informática, e por isso anunciou que pretende substituir 33 linhas de ônibus por cinco "troncais" da Zona Sul para o Centro e Barra da Tijuca.

Alegando querer "racionalizar" o trânsito no Rio de Janeiro, ele já ceifou várias linhas de ônibus funcionais, substituídas por trajetos esquartejados feitos por linhas "alimentadoras", para atender a baldeação, sob tarifa do Bilhete Único, nos terminais de Madureira, Alvorada e Fundão.

Linhas tradicionais, funcionais, de grande demanda e percursos exclusivos como 465 Cascadura / Gávea, 676 Méier / Penha, 910 Bananal / Madureira e 952 Penha / Praça Seca foram extintas e substituídas por trajetos que correspondem a qualquer das metades dessas linhas.

ATITUDE DO SUBSECRETÁRIO ALEXANDRE SANSÃO CHEGA A SER COMPARADA, EM ARBITRARIEDADE, AO DEPUTADO CARIOCA EDUARDO CUNHA.

A atuação de Alexandre Sansão já está sendo comparada, em arbitrariedade, ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, uma vez que a substituição das linhas, a exemplo dos casos anteriores, será feita por linhas de BRT que só compensarão parcialmente os ônibus que serão tirados de circulação com as linhas desativadas ou mutiladas.

Eduardo Cunha é conhecido por adotar pautas anti-populares, como a terceirização do mercado de trabalho (que desqualifica a mão-de-obra e elimina garantias sociais), e pelo seu estilo prepotente de comandar parte do Poder Legislativo.

A comparação faz sentido porque Eduardo Cunha é do mesmo PMDB carioca ao qual pertence o governante a quem Sansão está subordinado, o prefeito carioca Eduardo Paes. O PMDB do Rio de Janeiro é hoje conhecido por decisões autoritárias que contrariam o interesse público e as leis.

Entre as linhas que serão extintas estarão a 121 Central / Copacabana e a 177 Praça Mauá / São Conrado, substituídas pelas troncais Centro-Zona Sul. Linhas circulares da Zona Sul serão extintas para dar lugar a troncais da Zona Sul para a Barra da Tijuca.

Já linhas tradicionais, como 455 Méier / Copacabana, 474 Jacaré / Jardim de Alah e 484 Olaria / Copacabana terão percurso reduzido para o Centro. A ligação direta Zona Norte-Zona Sul será extinta, ameaça que surgiu quando o projeto foi divulgado por tecnocratas do COPPE-UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

É aí o ponto mais grave da mudança de linhas, o que poderá gerar um sério apartheid social, já que, embora não haja proibição formal dos moradores dos subúrbios se deslocarem para a Zona Sul e vice-versa, o acesso a ela, sobretudo para suas praias, será seriamente dificultado.

Com as mudanças, os passageiros da Zona Norte serão obrigados a pegar ônibus para o Centro e, daí, pegar ônibus para a Zona Sul. Do contrário que Alexandre Sansão e similares afirmam, ela não é tão fácil e quase nunca é confortável, porque quase sempre quem viaja sentado no primeiro ônibus é obrigado a ficar em pé no segundo.

O tumulto das linhas da Central já é muito com a estrutura atual de linhas, Observa-se longas filas e a tentativa dos fiscais de evitar o tumulto no embarque das linhas, que saem quase sempre lotadas. Com a extinção dos trajetos diretos, as demandas que eram atendidas por linhas vindas da Zona Norte se somarão à demanda do terminal.

A sobrecarga de passageiros irá intimidar muita gente a enfrentar o desconforto das novas linhas. Risco de assédio sexual e furtos será muito grande. A confusão já é vista em BRTs do Fundão, Madureira e Alvorada, e o ar condicionado em ônibus de janelas fechadas só agrava o desconforto. Uma reportagem mostrou uma passageira chorando por se sentir sufocada em um BRT superlotado.

E aí, somando tudo isso com a extinção de linhas para a Zona Sul, a demanda será inevitavelmente caótica. Isso será muito grave, porque os ônibus sairão sempre lotados. Daí que diplomas e cargos técnicos não são suficientes para trazer uma abordagem consistente de mobilidade urbana. Sem a vivência da realidade do povo, compreender o sistema de ônibus se torna inútil.

4 comentários:

  1. Esse Alexandre Sansão é um retardado,um inútil,um ditador,um incompetente,uma pessoa desqualificada pra exercer o cargo que possui,um "homem" sem visão pública,estrutural,sem conhecimentos de planejamento urbano,um burro,uma pessoa sem consideração às necessidades do povo...
    Pessoas como ele deveriam estar bem longe de cargos públicos,não só ele,mas também que que muitos elogiam,o senhor Eduardo Paes,que não fez nada mais que besteiras,e quem paga é sempre o povo. Povo este que merece o que tem,já que apoiaram,ou melhor,ainda muitos apoiam o senhor prefeito do Rio de Janeiro,que só pensa nele mesmo e no seu próprio bolso.
    Pra finalizar e resumir,nenhum desses dois citados prestam,valem menos do que suas próprias fezes.

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  2. O texto começou mostrando muitas informações, citando linhas extintas, linhas criadas e tal. No entanto, quando se mete a falar de apartheid social, finge desconhecer que as linhas diretas zona norte - zona sul serão mantidas, conforme anunciado no mesmo pacote: 456, 457, 483, 485, 432, 475, 460 etc etc. Que lê sem atenção pensa estar diante de um texto crítico mas se vê no final enganado por um panfleto politiqueiro e mentiroso. Pelos argumento parece ser patrocinado por empresas de ônibus.

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