domingo, 13 de dezembro de 2015

DECADÊNCIA SE CONFIRMA NO SISTEMA DE ÔNIBUS DO RJ

ACIDENTE COM ÔNIBUS DA TRANSPORTES FUTURO DEIXA CINCO MORTOS E VÁRIOS FERIDOS.

O atual sistema de ônibus do Rio de Janeiro, implantado em 2010, "comemorou" seus cinco anos vivendo uma decadência vertiginosa, consequente do indigesto "combo" da pintura padronizada, da dupla função do motorista-cobrador e dos itinerários reduzidos (medida esta suspensa por processo movido pelo Ministério Público, mas que ainda ameaça voltar).

Com frotas de ônibus cada vez mais sucateadas, as empresas de ônibus, que não podem apresentar sua identidade visual para facilitar suas relações de serviço com o público consumidor, se desleixam ou aumentam sua corrupção, sobretudo quando empresas trocam de linhas ou mudam de nome.

Não há como dizer que essa decadência "sempre aconteceu", quando os defensores do atual sistema tentam argumentar, com sua pose de "donos da verdade". Até porque eles se confundem todos, entre dizer que o sistema "está ótimo e perfeito" num momento e, em outro, dizer que "ele conta com sérios problemas".


No último fim de semana, dois acidentes aconteceram nas ruas do Rio de Janeiro. Um, na manhã de sábado, com um ônibus da Viação Redentor que se chocou com um táxi e deixou vários feridos, na altura da Av. Rio Branco na esquina com a Av. Alm. Barroso, no Castelo.

Outro acidente, no entanto, teve resultados trágicos. Um ônibus da Transportes Futuro que percorria a Linha Amarela, com destino Rio Centro (linha 352), bateu em um muro de um túnel, na altura da Freguesia, região de Jacarepaguá, causando cinco mortes e vários feridos.

GOTEIRAS PINGAM NO AR CONDICIONADO DO CARRO B25511, DA MATIAS...

Isso sem falar dos muitos acidentes que acontecem nos BRTs e o fato de que vários desses ônibus já estão desgastados, havendo casos de veículos realmente sucateados. E quem imagina que o sucateamento dos ônibus é "privilégio" de algumas empresas como City Rio, Pégaso, Campo Grande e Paranapuan, está completamente enganado.

...UM MODELO SIMILAR AO DESTE, MARCOPOLO TORINO 2014, AINDA NOVO.

Empresas antes consideradas exemplares, como Matias, Braso Lisboa e Real, também estão com frotas sucateadas, com lataria não só amassada como dotadas de sérios arranhões. A Viação Verdun está toda sucateada, aos níveis da Expresso Pégaso, com veículos com muitos arranhões.

Ônibus da Matias do modelo Marcopolo Torino 2014 já apresentam péssimo estado de conservação, o que se observa na correria que os veículos fazem na linha 232 Lins / Castelo, que rodam sacolejando como se estivessem com os parafusos soltos.

Pior: num desses carros, de número B25511, notou-se que o ar condicionado estava sem manutenção, já que as goteiras pingavam, incomodando os passageiros. O mais grave é que esses veículos da Torino 2014 têm poucos meses de fabricação.

São essas decadências que se repetem, e não é porque são problemas do acaso. É porque o modelo adotado em 2010 é decadente, marcado pelo autoritarismo da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), que, em vez de ser apenas um órgão fiscalizador, é dotado de plenos poderes. um desvio de função que é comparável a de um porteiro de prédio se achando o síndico.

Caso continue esse modelo, originário da ditadura militar - foi implantado por Jaime Lerner em 1974 - , a crise no sistema de ônibus do Rio de Janeiro continuará, o que significa que não é possível resolvê-lo com medidas paliativas, já que o sistema é marcado por burocracia e um método opressivo de trabalho dos rodoviários.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

SECRETÁRIOS DE TRANSPORTES SÃO INVESTIGADOS POR LIGAÇÃO COM EMPREITEIROS


De acordo com o que mostra a série de reportagens "O Rio de Janeiro na Lama", produzida pela TV Record carioca e transmitida em rede nacional pelo Jornal da Record, o grupo político que está no poder no Rio de Janeiro está sendo investigado pela Justiça por causa de denúncias de enriquecimento ilícito e favorecimentos pessoais junto a empreiteiros.

Entre os investigados na corrupção, estão desde o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e os secretários de Transportes do município do Rio, Rafael Picciani, e estadual, Carlos Roberto Osório.

A família Picciani, investigada por corrupção, inclui o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), Jorge Picciani, pai do secretário e também do deputado federal Leonardo Picciani, protegido do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, este conhecido por seu reacionarismo e pelo envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

A série de reportagens da Rede Record apresenta a falência em que se encontra o Estado do Rio de Janeiro, unidade federativa que mais sofreu retrocessos de vários tipos nos últimos anos, através de um grupo político marcado pelo autoritarismo, pelo desrespeito às leis, pela demagogia e pela corrupção.

Carlos Roberto Osório, quando era titular da secretaria municipal carioca (SMTR), já era acusado de estar envolvido com os empresários de ônibus. Consta-se que a pintura padronizada foi adotada para favorecer a corrupção político-empresarial, e um dos efeitos é a ciranda de trocas e extinções de empresas que deixa os passageiros confusos e desnorteados.

Além disso, as alterações dos itinerários das linhas de ônibus, além de apresentarem o interesse, nunca admitido pelas autoridades, de "limpeza social" na Zona Sul - complementando os abusos de policiais contratados pelo Estado, despreparados e confundindo jovens trabalhadores e estudantes com bandidos e fuzilando-os a esmo - , também teria o dedo dos empreiteiros.

As mudanças nas linhas de ônibus seriam uma forma de criar um esquema de favorecimento de empresários de ônibus com a redução de ônibus em circulação, a demissão de cobradores (devido à dupla função imposta aos motoristas) e a armação do "bilhete único" cuja validade se esgota ainda antes que o primeiro ônibus encerre seu percurso, obrigando o passageiro a pagar pela baldeação.

Além dessas manobras, feitas para alimentar o enriquecimento ilícito dos empresários de ônibus, existe também a obrigação do uso dos BRTs, nos corredores expressos, que foram construídos com a participação de empreiteiros, os mesmos investigados pela Operação Lava-Jato.

Neste caso, as reportagens denunciam que moradores são expulsos de casas populares para a construção não só de praças olímpicas, mas também de corredores de BRT. Uma área de proteção ambiental já foi destruída para construir um trecho desses corredores.

Há dois anos, uma CPI dos Ônibus chegou a ser instalada, mas políticos ligados aos próprios investigados foram designados para conduzir o processo, o que terminou em impunidade. A corrupção política dos governantes do PMDB carioca é responsável, direta ou indireta, pela crise da violência e do colapso nas verbas públicas que atinge o Estado do Rio de Janeiro.