quarta-feira, 7 de outubro de 2015
BALDEAÇÃO ESGOTA TEMPO DE BILHETE ÚNICO. PREFEITURA DO RJ NÃO AMPLIARÁ SUA VALIDADE
A mudança de linhas de ônibus no Rio de Janeiro confirmou o diagnótico de que as baldeações iriam esgotar o tempo do Bilhete Único, válido apenas para duas horas e meia do percurso. Ou seja, quem vem da Zona Norte e quer ir para a Zona Sul, terá que desembarcar no Centro e, na prática, pagar mais de uma passagem.
Só o percurso de um ônibus ultrapassa as duas horas e meia, devido ao trânsito congestionado em vários trechos da cidade. Nos horários de pico, o trânsito no entorno de Botafogo a Laranjeiras simplesmente trava, o que força os passageiros, sobretudo trabalhadores e universitários, a gastar, pelo menos, R$ 13,60 só para um único deslocamento diário de ida e volta.
São mais de R$ 270 a serem gastos por mês para um simples deslocamento. Na prática, é como se a passagem tivesse aumentado em 100%. E mostra o caráter autoritário da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), que usou a desculpa da "racionalização" para impor as mudanças.
Os passageiros saíram confusos com as mudanças e as novas linhas de integração. Nem a orientação de funcionários espalhados pelas ruas conseguiu resolver as coisas. E, com menos ônibus em circulação, os cariocas passaram a esperar até 40 minutos ou uma hora para pegar o segundo ônibus.
Passageiros tiveram que andar para outras ruas para pegar outros ônibus do Sistema Integrado, para evitar atrasos. Alguns levaram como jeitinho não passar pelo torniquete na primeira meia-hora de percurso. Mesmo assim, o Bilhete Único se esgota antes do primeiro ônibus chegar ao ponto final.
A GERENTE ANA PAULA PEREZ, ENTREVISTADA PELO JORNAL EXTRA, USA COMO ESTRATÉGIA DEMORAR PARA PASSAR PELO TORNIQUETE, PARA EVITAR O ESGOTAMENTO DO BILHETE ÚNICO.
Os passageiros tentam, dessa forma, "segurar" o Bilhete Único para garantir o ingresso gratuito no segundo ônibus. Mesmo a sugestão da SMTR para os passageiros que vêm da Barra da Tijuca desembarcarem em São Conrado e não no Rio Sul para pegarem as linhas troncais não é suficiente para evitar a segunda tarifa na baldeação.
ÔNIBUS LOTADOS
A imprensa bem que tentou minimizar o impacto do primeiro dia, com os repórteres se distanciando dos terminais e fazendo cobertura nos pontos intermediários, para evitar a repercussão negativa da nova operação. Mas não pôde esconder a insatisfação e os transtornos, assim como as lotações nos õnibus.
Os ônibus, reduzidos em frota e percurso, tiveram aumento de demanda. O número de passageiros aumentou drasticamente. Os terminais ficaram superlotados e um dos impactos da atual mudança foi sentido no Terminal da Central, que além do seu já tumultuado movimento, observado antes da medida, passou a acolher aqueles que pegavam os ônibus vindos da Zona Norte.
Por enquanto, ônibus convencionais foram utilizados para as linhas integradas e eles mostram o nível de lotação que, na melhor das hipóteses, aponta uma presença média de dez pessoas em pé diante de todos os assentos ocupados. Para a SMTR esse é o padrão "ideal" de lotação de um ônibus, embora não raro os veículos fiquem superlotados, até fora dos horários de picos.
Esse impacto negativo já era observado nas linhas do Transcarioca. BRTs percorriam os entornos de Jacarepaguá superlotados ou com todos os lugares para sentados ocupados e um terço da capacidade de passageiros em pé ocupado. Neles o impacto da baldeação já afetava a validade do Bilhete Único.
O secretário municipal Rafael Picciani acredita ser "improvável" a ampliação do tempo de validade do Bilhete Único. Ele se limitou a sugerir para os passageiros que se deslocarem da Alvorada ao Centro a usarem a baldeação em São Conrado e não no Rio Sul. Já os representantes do sindicato patronal Rio Ônibus recomendavam o Rio Sul.
Enquanto isso, as ruas ficam congestionadas com mais carros. e a redução de ônibus nas ruas faz com que os mesmos fiquem cada vez mais lotados. Os passageiros perdem mais tempo e dinheiro para se deslocarem que a solução é se isolar nos seus bairros mesmo.
Enquanto isso, continua a sobreposição de comerciais de automóveis na televisão, fator que influencia os consumidores a comprar mais carros. No horário nobre da televisão, um mesmo intervalo comercial chega a transmitir dois comerciais de marcas de carros. As ruas cariocas mostram que o Rio de Janeiro tornou-se o "túmulo" da mobilidade urbana.
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