quinta-feira, 30 de julho de 2015

CITY RIO, SOB O VÉU DA PINTURA PADRONIZADA, MUDA DE NOME

ÔNIBUS DA CITY RIO ENVOLVIDO EM TRÁGICO ACIDENTE, ENTRE BENFICA E CAJU, NO ENTORNO DA AV. BRASIL.

Os passageiros são sempre os últimos a saber. Com a pintura padronizada, os ônibus do Rio de Janeiro trocam as linhas e as empresas sem que o povo tenha noção exata do que acontece. A mesma pintura para todos os ônibus vira uma farra, o que contraria a tese dos tecnocratas que pintura padronizada traz transparência. Está provado que ela faz o contrário.

Pois mais uma empresa vai mudar o nome. A City Rio, que se desdobrou em Via Rio, enquanto virava Vigário Geral, voltou a ser City Rio e agora voltará a ser Vigário Geral. A medida veio poucos dias depois que o Procon lacrou vários ônibus na garagem conjunta da City Rio e Via Rio, que apresentavam várias irregularidades, sobretudo relativas ao estado dos carros.

Agora, o nome Vigário Geral virá mais implícito, como Viação VG. A nova empresa terá administrador isolado, já que o grupo Breda Rio ficará, no transporte carioca, administrando somente a Viação Algarve e a Via Rio, conhecida como Via Rio Class.

A proibição das empresas de ônibus cariocas de apresentar a própria identidade visual torna a diferença praticamente imperceptível. E, na prática, mudança de nome, nesse sistema vigente desde 2010, é como trocar o seis por meia-dúzia.

terça-feira, 28 de julho de 2015

ÔNIBUS DO RJ: FISCALIZAÇÃO OU CAÇA ÀS BRUXAS?


Pégaso, City Rio / Via Rio, Paranapuan... O sistema de ônibus do Rio de Janeiro está completamente decadente, desde que um modelo marcado por procedimentos tecnocráticos antiquados e uma visão autoritária de gerenciamento de transporte foi imposto em 2010, visando a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Mas a ênfase exagerada nas irregularidades de algumas poucas empresas deixa uma pergunta no ar: será mesmo que elas estão sendo punidas porque são realmente irregulares ou porque se trata de uma caça às bruxas para permitir o crescimento de outros grupos empresariais? Fiscalização ou caça às bruxas?

Afinal, se observarmos bem, todas as empresas de ônibus do Rio de Janeiro estão deficitárias. E a pintura padronizada nos ônibus tornou-se o véu desse troca-troca que os passageiros são sempre os últimos a saber, e que não está resolvendo o problema do transporte coletivo, o que faz com que pegar um ônibus na Cidade Maravilhosa seja aventura maior do que Montanha Russa.

Ninguém sabe mais qual a empresa de ônibus que serve tal linha. Um período é uma, depois é outra, e a mesma pintura confunde. Pessoas piram quando veem ônibus com a mesma cor amontoados num ponto do padrão BRS na Av. Pres. Vargas, comprovando o que muitos especialistas esperavam da confusão que seria com a pintura padronizada.

O que se estranha é que as irregularidades da Pégaso, City Rio e Paranapuan, ou a falência da Rio Rotas e Andorinha, tornam-se pretextos para o crescimento e inchamento de grupos empresariais presentados por linhas de ônibus estratégicas.

NÃO SERIA MELHOR O PROCON CASSAR ESSES DOIS CARAS, OS VERDADEIROS CULPADOS PELA BAGUNÇA DO TRANSPORTE CARIOCA?

E as empresas beneficiárias não estão lá essa maravilha. O Grupo Redentor se envolveu em mais acidentes com gravidade e intensidade comparáveis às da Paranapuan. Recentemente, um veículo recente da Redentor, modelo Neobus Mega Plus com ar, bateu e derrubou um poste.

A Pavunense, que ganhou de presente algumas linhas da Madureira Candelária e, agora, da Paranapuan, têm carros com lataria amassada e danificados, alguns deles executivos. Um dos veículos, modelo CAIO Apache VIP III, semi-novo, circulou com dois grampos que seguravam uma janela do lado direito, junto à porta dianteira.

Empresas como São Silvestre e Real estão com as frotas em estado de conservação tão ruim quanto a Paranapuan. A Vila Isabel também é uma das campeãs de irregularidade. E a Verdun, do Internorte, está com frota tão ruim quanto a da Paranapuan e não há o maior alarde. A Matias se envolveu num acidente, quase ninguém noticiou, mas uma passageira foi à Justiça processar a empresa.

O que poucos admitem é a falência de um modelo de transporte, oriundo dos devaneios tecnocráticos de Jaime Lerner na ditadura militar, tardiamente propostos pelo recém-falecido Luiz Paulo Conde, mas só implantados pelo autoritário PMDB carioca que já deu seu recado ao país através da figura prepotente do presidente da Câmara dos Deputados, o despótico Eduardo Cunha.

Implantado nos últimos cinco anos, ele adotou medidas impopulares como a pintura padronizada nos ônibus, a dupla função motorista-cobrador, a mutilação de linhas criando "alimentadoras" sem a menor necessidade, só pela brincadeira de criar falsa novidade extinguindo linhas com percursos exclusivos, como 465 Cascadura / Gávea e 952 Penha / Praça Seca.

A própria Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) - que já teve como titulares os autoritários Alexandre Sansão e Carlos Roberto Osório e hoje tem como secretário Rafael Picciani, que apenas "cumpre a cartilha" dos antecessores - prejudicou a Paranapuan com a extinção da funcional e exclusiva linha 910 Bananal / Madureira.

Afinal, a linha foi substituída por uma 910A Bananal / Fundão que é "mais do mesmo", porque bastava os passageiros da Ilha do Governador pegarem as linhas que já existem para o Bonsucesso ou pegar qualquer ônibus para a Av. Brasil e depois pegar outro para Madureira.

Portanto, surgem coisas muito estranhas no sistema de ônibus do Rio de Janeiro. E era isso que se procurava evitar quando se mobilizou para a realização da CPI dos Ônibus. Ela foi usurpada pelos próprios governistas para empastelarem e inutilizarem as investigações. Com a impunidade, ficou mais perigoso e confuso pegar ônibus no Rio de Janeiro. Essa é a verdade.

sábado, 25 de julho de 2015

PENDOTIBA DEMORA PARA TRANSFERIR INTERMUNICIPAIS PARA FROTA MUNICIPAL

NO ALTO, UM ÔNIBUS INTERMUNICIPAL DA PENDOTIBA, NO CENTRO O SEU SUBSTITUTO E, ABAIXO, COMO O CARRO DO ALTO FICARÁ PINTADO.

A pintura padronizada nos ônibus mostra uma de suas piores desvantagens. A Viação Pendotiba, que tinha maior rapidez de transferir carros da frota intermunicipal para a municipal, está demorando para transferir os carros do modelo CAIO Apache VIP II para as linhas locais de Niterói.

Além dos ônibus terem que ser repintados com as cores do consórcio Transoceânico, aumentando os custos de mudança de visual - antes bastava apenas apagar os espaços dos números antigos e substitui-los pelos novos carros - , a burocracia torna-se um outro malefício.

Afinal, não se trata apenas de mudar o registro do veículo dentro do controle da empresa operadora. Agora, esse ônibus precisa também ser registrado nos documentos do consórcio e também da Secretaria Municipal de Transportes de Niterói.

Com isso além de representar um maior gasto de dinheiro, a pintura padronizada representa também maior burocracia, e quem sai perdendo com isso são os passageiros, que levam tempo para as empresas terem uma renovação de frota mais rápida e eficiente.

terça-feira, 21 de julho de 2015

MORRE LUIZ PAULO CONDE, MENTOR DO MODELO CARIOCA DE SISTEMA DE ÔNIBUS HOJE VIGENTE


Morreu aos 81 anos, vítima de câncer na próstata, o arquiteto e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde, que governou a cidade entre 1997 e 2000. Ele era ligado ao mesmo PMDB carioca de Eduardo Paes, Sérgio Cabral Filho, Luiz Fernando Pezão e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

O PMDB carioca é marcado por sua vocação autoritária e inclinada a desprezar as leis, como se estivesse governando no Brasil da Era Geisel. E Luiz Paulo Conde foi um dos mentores do atual sistema de ônibus que faz o sofrimento e a infelicidade dos passageiros.

Conde queria implantar no Rio de Janeiro o mesmo projeto que seu colega paranaense, o arquiteto Jaime Lerner, fez na ditadura militar. Consiste em adotar medidas tecnocráticas para o transporte coletivo, adotando uma lógica militaresca que envolve da pintura padronizada nas empresas de ônibus ao trabalho opressivo dos motoristas de ônibus, vários deles acumulando funções de cobrador.

O projeto de Conde previa também a redução de ônibus em circulação nas ruas, uma medida claramente antipopular que causa um dos maiores problemas enfrentados pelos passageiros, que é a longa espera por um ônibus.

Conde é o segundo político ligado à intervenção estatal no sistema de ônibus do Rio de Janeiro. Em 10 de junho de 2014, Marcello Alencar, responsável por planejar a encampação dos ônibus cariocas, faleceu em decorrência dos efeitos de um acidente vascular cerebral.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

MORRE HOMEM ATINGIDO POR RODA DE ÔNIBUS NO RJ

RODA SE SOLTOU DE UM ÔNIBUS DA PARANAPUAN QUE PASSAVA NA LINHA VERMELHA.

Faleceu ontem, no hospital Quinta D'Or, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, o comerciante Ananias Henriques, de 64 anos, que foi atingido por uma roda que se soltou de um ônibus da Transportes Paranapuan que percorria a Linha Amarela.

Ananias sofreu lesões nos quadris, no pulmão e na cabeça, e estava em coma induzido até ontem, quando não resistiu aos ferimentos e faleceu. Ele era dono de uma farmácia. A empresa não se pronunciou sobre o acidente.

A Paranapuan simboliza a crise que sofre o modelo de transporte coletivo implantado em 2010, com o poder concentrado da Secretaria Municipal de Transportes e a adoção de medidas consideradas prejudiciais à população, como a pintura padronizada para as empresas, a dupla função do motorista-cobrador e a mutilação de linhas sob o rótulo de "alimentadoras".

O grupo político que decidiu por esse modelo é de Eduardo Paes, Sérgio Cabral Filho, Luiz Fernando Pezão, Carlos Roberto Osório e outros. Eles são do PMDB carioca, o mesmo que é representado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o que mostra que a linha do partido no Rio de Janeiro é autoritária e antilegalista.


PARANAPUAN NÃO ERA EMPRESA RUIM

É certo que a Paranapuan prolongava a vida útil dos veículos, mas a empresa não era considerada das piores do Rio de Janeiro. É também certo que havia reclamações diversas, queixas, protestos, mas a empresa chegou a ter uma boa fase nos anos 80, quando renovava exemplarmente sua frota.

A empresa começou a decair por estar desestimulada a exibir sua identidade visual, medida proibida pelos autoritários políticos do PMDB carioca. Adotando uma pintura que a faz praticamente igual e confundível com outras como Verdun, Madureira Candelária e outras, a Paranapuan se desleixou e entendeu que, com o visual vinculado à Prefeitura do RJ, ela não precisa cuidar bem de sua frota.

A Paranapuan perdeu uma de suas linhas mais rentáveis, a 910 Bananal / Madureira, que foi incluída no esquartejamento de trajetos que o "método Eduardo Cunha" de mobilidade urbana fez para empurrar o uso do Bilhete Único. No seu lugar, criou-se a "alimentadora" 910A Bananal / Fundão.

Há dois anos, a Paranapuan se envolveu em um acidente num micrão, entre um motorista-cobrador e um passageiro, devido a problemas de troco. A discussão teria culminado em briga violenta que fez o motorista-cobrador perder a direção e causar a queda do ônibus, causando a morte de oito passageiros.

DESENTENDIMENTOS

O dono da Paranapuan também teve desentendimentos diversos com outros empresários ligados ao consórcio Internorte, o que revela o conflito de interesses que um grupo empresarial montado pelo poder público, que é o consórcio, expressa, e que pode trazer prejuízos para o sistema de transporte, com a falta de autonomia de cada empresa de ônibus.

O problema causado tanto pelo acidente de 2013 quanto pelo desta semana pode sugerir que somente as empresas de ônibus são irresponsáveis. Mas esses acidentes revelam a falência de um modelo em que a figura do Secretário de Transportes, em vez de fiscalizar o sistema, comanda com mãos de ferro o serviço.

Com um Rio de Janeiro marcado por uma sociedade provinciana - antes paradigma de modernidade, o Estado do Rio de Janeiro, inclusive sua capital, sofreu retrocessos diversos resultantes da Educação deficitária e da decadência de valores - a antes Cidade Maravilhosa hoje é palco de muitos atos violentos - , muitos não conseguem ver a diferença entre fiscalizar e mandar.

Daí que poucos percebem que o verdadeiro problema está na prepotência da SMTR, reflexo de uma prática política do PMDB carioca em que os políticos fazem o que querem com a população, cometem abusos de poder e ilegalidade, embora tentem dizer o contrário. Igualzinho ao que se vê com o deputado Eduardo Cunha no Congresso Nacional.

Autoritarismo não é o mesmo que fiscalização. E o SMTR impõe pintura padronizada, mutilação de trajetos, a "camisa-de-força" dos consórcios e o resultado são BRTs lotados, ônibus com lataria amassada (pode ser Paranapuan, Matias, Redentor, Real, Braso Lisboa ou São Silvestre, etc), porque segue a cartilha ditatorial do partido, que no Rio de Janeiro parece tratar o povo que nem gado.

Daí a superlotação dos BRTs com as linhas mutiladas. Daí as pessoas pegando ônibus errado por conta da pintura padronizada. Daí as rodas se soltando, os ônibus caindo em viadutos, ônibus da Zona Sul matando ciclistas, etc etc etc. A culpa de tudo isso é desse modelo decadente imposto há cinco anos.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

FRESCÃO DO RJ SOFRE INCÊNDIO NA AV. FRANCISCO BICALHO


Um ônibus da Expresso Pégaso pegou fogo hoje de manhã, por volta de 8h30, num trecho da Av. Francisco Bicalho, no Santo Cristo, Zona Portuária do Rio de Janeiro. O incêndio que atingiu o ônibus, que exibia a pintura padronizada dos executivos cariocas, chegou a interditar por uma hora a pista central da avenida.

A Expresso Pégaso é uma das que acumulam multas e irregularidades no sistema de ônibus carioca. Todavia, os ônibus executivos cuja pintura padronizada é ainda mais confusa - de longe, mesmo os quatro consórcios parecem ter uma só pintura - apresentam problemas de conservação.

Percorrendo as ruas do Rio de Janeiro, observa-se que até ônibus executivos da Viação Redentor, Rodoviária A. Matias, Auto Viação Tijuca, Viação Ideal, Auto Viação Jabour e Premium Auto Ônibus apresentam lataria amassada e estrutura sem manutenção.

Isso para não dizer empresas como Transportes Paranapuan e as empresas do Grupo Breda (como Via Rio), famosas por suas frotas sucateadas. Elas são consideradas, junto com a Pégaso, as piores empresas municipais do Rio de Janeiro.

Quanto aos ônibus urbanos, a péssima conservação se observa praticamente em todas as empresas, e mesmo as antes conceituadas Real Auto Ônibus, Braso Lisboa e Matias apresentam veículos sem manutenção, inclusive semi-novos. A Viação Verdun, antes conceituada, também é conhecida pela frota sucateada que circula até em Copacabana.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

MATEUS SOLANO FAZ CRÍTICAS AO SISTEMA DE TRANSPORTE DO RJ


O ator Mateus Solano, astro da Rede Globo de Televisão, resolveu fazer críticas ao sistema de ônibus do Rio de Janeiro, através de um comentário publicado ontem no seu perfil no Instagram. A declaração foi dada depois que o casal Joana Prado e Vítor Belfort fizeram sua queixa. Diz a mensagem do ator:

"Hoje andei de ônibus, coisa que há tempos não fazia. Foi bom pra matar saudades. A qualidade do transporte público realmente não melhora, só o preço que aumenta".

Na foto, o ator aparece fazendo um selfie no interior de um ônibus. Embora o comentário fosse bastante óbvio e sem novidades, ele deve ser analisado por trás das aparências, dentro do contexto do atual sistema de ônibus carioca, vigente desde 2010.

Afinal, ele disse que tinha saudades de passear de ônibus. Antigamente lhe dava boas lembranças, conforme vemos nesta frase. Por outro lado, o sistema de ônibus do RJ, hoje, não teria recebido críticas do ator se estivesse tudo bem.

O que podemos inferir é que, para ele, o sistema de ônibus anterior a 2010 era apenas bom, com todos os defeitos conhecidos, e recentemente piorou consideravelmente. Talvez Solano reprovasse a pintura padronizada, até pela evidente dificuldade de diferir uma empresa de ônibus de outra.

Portanto, é mais uma crítica ao modelo implantado arbitrariamente pelo grupo político de Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão, do mesmo PMDB carioca que demonstra sua viés autoritária através de outro Eduardo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

LICITAR PARA ESCONDER: CARLOS ROBERTO OSÓRIO QUER FARDAR INTERMUNICIPAIS PARA O RJ

SERÁ MAIS COMPLICADO IR PARA O RIO DE JANEIRO DE ÔNIBUS.

O grupo político de Eduardo Paes não desiste. Aliás, o PMDB carioca dá uma mostra de sua vocação autoritária, como mostra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que adota medidas antipopulares que atingem cidadãos dos oito aos oitenta.

O PMDB carioca tem como prática rasgar as leis, mesmo a Constituição Federal, e dar a falsa impressão de que está cumprindo as mesmas com rigor. Seus políticos têm a habilidade do discurso demagógico, dando a impressão de que suas arbitrariedades são "de acordo com o interesse público".

Isso é o mesmo que um estuprador dizer que só está praticando um ato de amor com a vítima e que ela apenas está agindo com nervosismo e pânico. Se o estuprador é boa pinta, o discurso então acaba soando convincente para os incautos.

Pois não bastasse o surto de pinturas padronizadas que simboliza a decadência dos sistemas de ônibus de várias cidades fluminenses, a partir da capital, Rio de Janeiro, e atingindo cidades como Niterói, São Gonçalo, Araruama, Cabo Frio, Teresópolis, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda e até São João da Barra e, em breve, Nova Iguaçu, as linhas do Grande Rio para a capital serão as próximas vítimas.

O Secretário Estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório - que, segundo dizem, é capaz de padronizar até uniformes de times de futebol, botando todos os times com um só uniforme representando a federação estadual - , agora quer fardar as linhas intermunicipais com uma "licitação" que acontecerá este ano.

A medida atingirá as linhas intermunicipais com destino ao Rio de Janeiro, urbanas e rodoviárias, o que inclui cidades como Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Maricá, Baixada Fluminense e outras administradas pelo DETRO.

Ultimamente o DETRO está envolvido em casos de corrupção e irregularidades administrativas, como a incapacidade de controlar casos como de linhas com o mesmo código, como 565D, dos ramais "Santa Rosa X Passeio" e "Venda das Pedras X Candelária", e 750D, dos ramais "Charitas X Gávea" e "Santa Rosa X Estácio".

MAIS BUROCRACIA, CUSTOS E CONFUSÃO

Embora haja rumores de que o DETRO amenizará a pintura padronizada com a descrição dos nomes das empresas nas laterais dos ônibus - paliativo feito em projetos mais recentes de PP - , já que o visual da pintura ainda está para ser decidido, a iniciativa já irá causar os prejuízos que se observa nas linhas municipais do Rio de Janeiro e outras cidades, como Niterói e São Gonçalo.

Isso porque, além da pintura padronizada causar confusão entre os passageiros e acobertar a corrupção das empresas de ônibus - sem falar que os consórcios, ao serem montados pelo Estado, atrelam os governantes aos empresários do setor - , haverá maior burocracia até na hora de transferir veículos de linhas intermunicipais para municipais.

É o que ocorre, por exemplo, com a Viação Pendotiba, de Niterói. Até pouco tempo atrás, a empresa não precisava repintar totalmente o ônibus para transferir da frota intermunicipal para a municipal, bastando apenas repintar ou recolocar a plotagem nos espaços referentes ao número do veículo.

Hoje, no entanto, o ônibus precisa ser totalmente repintado, por causa da transferência para uma cidade que adota pintura padronizada. Isso representa maior custo, porque o ônibus é todo repintado, o que pode refletir nas despesas que forçam os aumentos anuais das passagens.

Isso causou, recentemente, complicações no sistema de transporte da Grande Belo Horizonte, em que empresas envolvidas têm suas frotas "esquartejadas" pelas diferentes pinturas padronizadas adotadas pelos seus municípios e serviços. As empresas acabam jogando ônibus de um consórcio para servirem linhas de outro, e fica mais complicado e difícil repor os carros nessas condições.

Daí a maior burocracia que se tem em solicitar carros para reforçar frotas de consórcios ou tipos de serviços, o que gera também mais custos de repintura. E, na transferência de ônibus de linhas intermunicipais para municipais, ou de alguns municípios para outros, além da repintura há o registro do consórcio, sendo mais burocracia, pois não se trata apenas de uma renumeração de carro e seu registro privativo da empresa operadora.

Isso mostra que a "licitação" que prevalece no sistema de ônibus do Brasil, além de agir contra artigos legais - como a própria Lei de Licitações, o Código de Defesa do Consumidor e até a Constituição Federal, é feita para esconder e não para mostrar as empresas. Se seus defensores afirmam que a pintura padronizada traz transparência, com certeza estão mentindo.

A pintura padronizada traz mais burocracia, encarece o sistema de ônibus, dificulta a fiscalização e acoberta a corrupção empresarial. Para que insistir nessa iniciativa, se ela traz tantos prejuízos para a população e os benefícios só para os políticos e empresários? Usar BRT e ar condicionado como desculpa não vale.